Com Dona Gera visitando algumas parteiras do municipio de Jenipapo de Minas

19/12/2012 17:01

 

 

Em companhia de D. Gera, mãe Gera, e de Claudiana, na terça-feira de carnaval

e quarta-feira de cinzas, percorremos mais de 150 kms das estradas de Jenipapo de Minas,

para visitarmos algumas parteiras do município. Em Santo Antonio, ainda bem cedinho,

D. Rita nos recebeu com o seu sorriso farto, sua prosa sem medida e um delicioso minguau

de milho verde. Em Lagoa Grande, D. Corina distribuiu afetos, mudas de chã e medicamentos caseiros e enquanto mãe Gera e Claudina almoçavam com ela os pertences de um porco

abatido a poucos dias, eu e seu neto Pedro, preferimos saborear uma variedade de mangas

no fundo do quintal. Mais a tarde, sem a companhia de mãe Gera, tinhamos que percorrer

uma longa distância a pé, que a sua idade e saúde já não permite, nos encontramos com

Jovelina. Desde que eu a conheci, tenho por ela uma admiração profunda, por sua força

e se jeito agreste de ser. Ao final da tarde, depois de uma quantidade sem fim de confidências,

indagações e carinhos compartilhados com D. Carmelita e D. Antoninha, e a  promessa

de novos reencontros, ficamos para o pernoite na casa de D. Antoninha. Na cozinha,

enquanto preparava o jantar com os legumes e verduras colhidos na própria horta, a

anfitriã foi relatando a vida dedicada aos partos e a sua fé e devoção às bençãos aprendidas

com o pai, tudo com a intenção de ajudar os seus semelhantes. Após o jantar, sentado no

batente do portal da sala ouvindo os barulhos do silêncio e contemplando um céu permeado

de estrelas, D. Antoninha me serviu um chá de hortelã, para ocê dormir direitinho e em paz,

meu filho. Na manhã do dia seguinte, mesmo com toda intenção, não tivemos a alegria

de nos encontrarmos com D. Maria da Penha e D. Zeca em Estiva. D. Maria da Penha

estava para Belo Horizonte acompanhando uma amiga para um tratamento médico e

D. Zeca estava com D. Gerinha, levando a Eucaristia aos enfermos impossibilitados de

freguentar a igreja. Mas, não deixando por menos, D. Santa nos recebeu com seu sorriso

e doçura contagiante, e ainda confirmando a fama de doceira e quitandeira de mão cheia.

nos serviu saborosas quitandinhas e um cafezinho cuado na hora. E encerrando a nossa programação de visitas, em Palmital, fomos calorosamente recebidos por Nedir e sua

família, Nedir, provavelmente a parteira mais jovem da região, em um dos seus partos,

como ela mesma fez questão de dizer, teve a honra de ter mãe Gera como sua acompanhante.

Na volta para Jenipapo de Minas, entre uma conversa e outra e refletindo sobre a grandeza

destas mulheres repletas de generosidade, de amor e disponibilidade para servir e ajudar

seus semelhantes, mãe Gera me confessou:

 

Lori, todas essas mulher, como diz, queu passei nas casa delas, elas todas tão salvas,

todo mundo vivo, graças ao meu bom Deus, as mulher pode ter morrido, não dessas

coisas, parto... N ão tenho como agradecer a Deus uma graça dessa, né?  Agora você

vê Lori, uma mulher que nem eu, analfabeta, não tem leitura, não tem nada, e graças

a Deus, passar umas coisas assim tão complicada, e graças a Deus num perde nem

mãe nem filho, num tem jeito, só pode ser uma graça, eu me sinto muito feliz com

isso, honrada mesmo, quando eu alembro disso, Lori, o que eu tenho é agradecer

a Deus mais ainda, né? Oh, meu Deus! É uma graça recebida, Lori, queu recebi

nessa minha vida, nesse fim de vida, setenta e dois ano, uma graça recebida e

queu não tenho como agradecer a Deus.

 

 

                                             Lori Figueiró

 

 

Geralda Martins Soares

Rita de Souza Gomes

Corina Esteves Nunes            Santa Nunes Silva

Jovelina Batista Nunes         Maria Carmelita Lopes Barbosa

Maria Antonia Esteves Santos    Nedir Moreira Ramos